quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Felicidade

Meu ideal de felicidade hoje é ver chegar o dia em que, finalmente, vou poder dormir na minha cama, com meu marido ao meu lado, meus três cachorros deitados no chão do quarto e uma breve, mas profunda sensação de alívio e de que tudo vai dar certo...

Estou escrevendo esse post de um quarto de hospital, onde estou internada há 25 dias. Vim parar aqui com uma forte dor no pulmão direito e, após alguns exames foi detectado um tumor e, assim, fui internada na mesma hora, com a roupa do corpo e a sensação de que estava vivendo um pesadelo que não era meu.
Agora, feitos vários e vários exames, punções, biópsias e uma videolaparoscopia da pleura, aguardo o laudo definitivo do patologista para que os médicos resolvam o tipo de tratamento que farei: se rádio, quimio ou os dois ou talvez algum outro procedimento.
Somente alguns amigos mais íntimos sabem do que venho passando por emails ou através da minha amiga Beth Lilás.
Mas ontem, meu filho trouxe de volta o laptop e, com algum esforço, escrevo essas linhas para contar que estou no caminho, buscando forças e recebendo muito amor e carinho. Infelizmente, não posso responder aos emails de cada um ou atender a telefonemas, pois ou estou fazendo nebulizações ou muito cansada e com falta de ar para isso. Mas, agradeço de coração as mensagens e preces.
O tumor é maligno, embora nunca tenho sido fumante e odeie cigarros de qualquer tipo, mas tenho absoluta certeza de que vou sair de mais essa armadilha com que me deparei na minha vida.
No início, o choque foi devastador. Achava que ainda tinha muito a fazer, queria ver meus netos nascerem e crescerem, queria viajar, escrever, ainda tenho tantos planos...Era cruel demais! Depois de quase dois dias no CTI voltei numa tremenda tristeza para o quarto. Chorava a todo minuto, ainda mais que estou com uma crise de asma muito forte, mas que com o tratamento adequado, tem melhorado. Com o passar dos dias aquele desânimo passou.
A força do amor que tenho recebido de meus amigos, através de preces, pensamentos positivos, carinho, beijos, abraços, presença constante de meus filhos, Allan, Camilla, marido ( cujo amor incondicional tem me deixado mais forte e confiante), minha cunhada Ana, que é mais que irmã, minhas amigas/os espetaculares Cida e Beth, Carminha, Maria Izabel, Rainha Regina Rosembaum, Sílvia, Dora e Cecchetti, Man Drag, Celina, Manu, Bombom, Léia, Loli, Lu, Alê, Macá, Gi, Lúcia, Rose, William, Rodolfo, amigos virtuais e amigos reais, minha irmã e irmão, sobrinhos, enfim, tanto, tanto amor tenho recebido que é impossível que eu não saia desse pesadelo curada. Mas, agora vou ter que parar por aqui, estou ficando cansada, talvez não tenha me lembrado de todos, perdoem se esqueci de alguém. Agora, são todos parte da minha futura cura. Eu quero. Eu posso. Eu vou. Nunca me esquecerei de cada um de vocês e das palavras de esperança que têm me enviado.
Muito ainda tem que ser feito para chegar a ela, mas, tenho certeza de que através dessa força, a verdadeira, a Força que vem do Amor, sairei vencedora, com meu elmo dourado (né Betita?), tal qual uma leoa lutando contra esse dragão invisível e silencioso, com todos vocês ao meu lado.
Espero ainda esta semana poder voltar para casa. Agora virá segunda etapa, mas, felizmente, não tenho metástases e isto me dá muita esperança na cura.
Enorme beijo a todos, eterna gratidão.

Glorinha L. de Lion,

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Café Com Flores


Talvez eu seja um pouco imatura na minha maneira de encarar o que é uma amizade. Dou muito e espero de volta o que dei. Não sei se isto está fora de moda ou se foi uma ideia meio infantil de lealdade a toda prova que ficou em mim desde a infância.
Espero confiança porque confio cegamente.
Espero o silêncio de compreensão, sem interrupções, apenas ouvidos e mentes voltados para o que se fala, seja eu ou seja o outro. Sou boa ouvinte e assim, espero que também o sejam comigo.
Espero o conselho sem a crítica, apenas o bom senso apontando um ou outro jeito de se fazer uma coisa, como uma mãe aconselha um filho, com carinho e não apontando os dedos para seus defeitos, como se ele só tivesse defeitos e quase nenhuma qualidade.
Espero que haja desavenças, claro, como em toda relação profunda. Mas que elas sejam pautadas pelo respeito, pelo reconhecimento do que há de melhor no outro e, que, através disto, se supere as falhas, afinal somos todos falíveis e humanos.
Ando dentro da casca, esperando a hora em que deixarei de sentir tudo isto que venho sentindo e volte a florescer. Ando sem inspiração para escrever e sem ânimo, como vocês, que tanto têm me apoiado, bem sabem.
Mas hoje, gostaria de homenagear duas grandes mulheres, duas grandes amigas: a Calu do Fractais de Calu e minha amiga d'além mar, a Bombom, do Meu Estaminé pelo carinho, incentivo, apoio e amizade imensuráveis. Pelos conselhos, por saber ouvir, por apontar o que há de melhor nas pessoas, em mim, inclusive.
Dedico este Café com Flores às duas queridas com toda a minha amizade.

Tela: Valeriy Chuikov